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Por O Globo — Bristol

A misteriosa criatura microscópica denominada Saccorhytus, que chama atenção por não ter ânus, não é, afinal de contas, o ancestral humano mais antigo, contrariando uma teoria anterior. Uma análise de fósseis de 500 milhões de anos originários da China verificou que este ser integra uma árvore genealógica diferente. Com isso, Saccorhytus perdeu a classificação de deuterossomo e passou para ecdisozoário. A descoberta foi publicada na revista Nature nesta quarta-feira. Participaram da pesquisa cientistas de instituições no Reino Unido, China e EUA.

— Este é um resultado realmente inesperado porque o grupo de artrópodes tem um intestino que se estende da boca ao ânus. A participação de Saccorhytus no grupo indica que ele regrediu em termos evolutivos, dispensando o ânus que seus ancestrais teriam herdado — diz Shuhai Xiao, da Virgina Tech, EUA, que co-liderou o estudo. — Ainda não saibamos a posição exata de Saccorhytus dentro da árvore da vida, mas pode refletir a condição ancestral da qual todos os membros deste grupo diverso evoluíram.

Diante da falta de ânus de Saccorhytus, os resíduos digestivos eram liberados pelo mesmo mesmo canal de entrada. De corpo pontiagudo e enrugado, ele tinha uma boca grande cercada por espinhos e buracos que, antes, eram interpretados como poros para brânquias – uma característica primitiva do grupo deuterostômio, do qual vieram nossos ancestrais. Por fim, os cientistas descobriram que os buracos ao redor da boca eram bases de espinhos que se romperam durante a preservação dos fósseis.

Imagem de Saccorhytus obtida em análise de fósseis — Foto: Philip Donoghue et al
Imagem de Saccorhytus obtida em análise de fósseis — Foto: Philip Donoghue et al

— Alguns dos fósseis estão tão perfeitamente preservados que parecem quase vivos — disse Yunhuan Liu, professor de Paleobiologia da Universidade de Chang’an, em Xi’an, na China. — Saccorhytus era uma fera curiosa, com boca, mas sem ânus, e anéis de espinhos complexos ao redor de sua boca.

De acordo com um comunicado da Universidade de Bristol, no Reino Unido, os pesquisadores registraram centenas de radiografias em ângulos ligeiramente diferentes para formar um modelo digital 3D detalhado do fóssil e, quando chegaram à conclusão, teriam ficado "aliviados".

— Os fósseis podem ser bastante difíceis de interpretar, e Saccorhytus não é exceção. Tivemos que usar um síncrotron, um tipo de acelerador de partículas, como base para nossa análise dos fósseis. O síncrotron fornece raios X muito intensos que podem ser usados ​​para obter imagens detalhadas dos fósseis. Tiramos centenas de imagens de raios X em ângulos ligeiramente diferentes e usamos um supercomputador para criar um modelo digital 3D dos fósseis, que revela as pequenas características de suas estruturas internas e externas — explicou a pesquisadora Emily Carlisle, da Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

E foi assim que os cientistas observaram que os poros ao redor da boca de Saccorhytus eram fechados por outra camada do corpo, criando espinhos.

— Acreditamos que isso teria ajudado Saccorhytus a capturar e processar suas presas — avaliou Huaqiao Zhang, do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing, na China.

Os pesquisadores acreditam que Saccorhytus é de fato um ecdisozoário: um grupo que contém artrópodes e nematoides.

— Consideramos muitos grupos alternativos com os quais Saccorhytus pode estar relacionado, incluindo os corais, anêmonas e águas-vivas que também têm boca, mas não ânus — disse o professor Philip Donoghue, da Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, que co-liderou o estudo. — Para resolver o problema, nossa análise computacional comparou a anatomia de Saccorhytus com todos os outros grupos vivos de animais, concluindo uma relação com os artrópodes e seus parentes, o grupo ao qual pertencem os insetos, caranguejos e lombrigas.

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