O clássico carro presidencial, Rolls-Royce, foi para o centro de uma polêmica a menos de um mês da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, disse nesta quarta-feira que a equipe responsável pela organização da posse avaliava uma possível substituição do veículo, que já foi usado até pela Rainha Elizabeth II, após identificar necessidade de reparos. Segundo ela, o carro tinha sido possivelmente danificado na última posse, a do presidente Jair Bolsonaro.
O governo, contudo, negou a informação dada por Janja e afirmou que o Rolls-Royce se encontra em perfeitas condições de funcionamento.
"Informamos que o veículo Rolls Royce, que é utilizado nas cerimônias de posse presidencial, encontra-se em perfeitas condições de funcionamento, situação que se mantém na presente data", disse a Secretaria Geral da Presidência em nota enviada ao GLOBO.
O automóvel tem 70 anos e acompanha os presidentes eleitos desde a década de 1950, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tradicional Rolls-Royce Silver Wraith foi usado pela primeira vez na posse de Juscelino Kubitschek, em 1956, segundo informações do Itamaraty. Além das posses, outra tradição se criou com o automóvel inglês, a de participar dos desfiles anuais de 7 de setembro.
Relembre posses e momentos históricos em que o Rolls-Royce presidencial foi usado
Líderes internacionais usaram o carro
Aquela, no entanto, não foi a primeira vez que o automóvel foi usado. O Rolls-Royce, que foi transportado de navio de Londres para o Rio de Janeiro em 1953, foi "estreado" durante o segundo governo de Getúlio Vargas, em fevereiro daquele mesmo ano, na cidade de Volta Redonda (RJ).
Em sua única visita ao Brasil, em 1968, a rainha Elizabeth II, morta em setembro deste ano, andou no carro histórico na orla do Rio de Janeiro e chegou até a ver um jogo de futebol com o rei Pelé em campo, no Maracanã. Em matéria do GLOBO na edição de 11 de novembro de 1968, o diálogo entre os monarcas do Reino Unido e do futebol foi reproduzido.
"Majestade, este é o jogador Pelé, famoso mundialmente", apresentou o chefe do cerimonial do Palácio Guanabara, Lael Soares. "Ah, eu sei!", sorriu a rainha, antes de estender a mão. "Já o conheço de nome. E me sinto muito feliz em cumprimentá-lo", completou.
"Diz para ela que estou emocionado por ter participado de um jogo que contou com a sua presença", pediu Pelé, meio sem jeito, ao intérprete real. "Diga para ele que a felicidade é minha", respondeu a rainha, com outro sorriso.
Antes dela, outro líder internacional também já havia andado no carro agora envolto em uma polêmica. Foi Charles de Gaulle, ex-presidente da França, quando visitou o país em outubro de 1964.
Dez anos depois, em 1974, o carro foi usado pelo General Médici em cerimônia oficial de inauguração da Ponte Rio-Niterói. Ele estava acompanhado do então Ministro dos Transportes, Mario Andreazza.
Em 2001, Tony Blair, então primeiro-ministro da Inglaterra, país de origem do Rolls-Royce, foi flagrado “inspecionando” o carro no Palácio da Alvorada, na companhia do então presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente da Rolls-Royce, Ralph Robins.