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Por Redação ge — Rio de Janeiro


Pouco depois das notas de repúdio da F1, FIA (Federação Internacional do Automobilismo) e Mercedes ao termo racista usado pelo ex-piloto brasileiro Nelson Piquet, foi a vez de Lewis Hamilton se pronunciar sobre os comentários direcionados a ele pelo tricampeão. O britânico da Mercedes utilizou as redes sociais para, em português, pedir por mudanças.

- Vamos focar em mudar a mentalidade - escreveu o heptacampeão, logo após publicar outra mensagem na qual ironiza a pergunta sugerida por um fã: "quem é Nelson Piquet?".

Lewis Hamilton na coletiva de imprensa do GP do Canadá — Foto: Clive Mason/Getty Images

A expressão "neguinho" foi utilizada por Piquet durante uma entrevista publicada na internet, enquanto comentava sobre a batida do heptacampeão com Max Verstappen - atual campeão da F1 e namorado da filha de Piquet, Kelly - na edição 2021 do GP da Inglaterra.

O incidente em questão se deu no começo da prova, em julho passado. Hamilton, vindo da segunda colocação, tocou na roda traseira esquerda de Verstappen; com o impacto, o holandês perdeu a direção do carro e bateu, abandonando a prova.

O caso ganhou notoriedade após a divulgação do vídeo nas redes sociais na última semana. No trecho, Piquet defende que Hamilton teria tido intenção de tirar Verstappen da corrida no Circuito de Silverstone.

O "neguinho" meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, "aqui eu arranco ele de qualquer maneira". O "neguinho" deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem.

O heptacampeão foi punido com 10s e caiu para quinto na corrida, mas reverteu a desvantagem e venceu a disputa. O episódio, porém, gerou ataques racistas direcionados a ele e que foram repudiados pela Mercedes, F1 e a RBR, equipe de Verstappen.

- Termos como "neguinho", "crioulo", "negão" são utilizados em uma variedade de situações. Mas expressam estereótipos, representações negativas sobre pessoas negras. Elas reproduzem a ideia de que negros não são atores sociais competentes, são pessoas moralmente degradadas. Esse foi exatamente o sentido utilizado por Nelson Piquet quando fez referência a Lewis Hamilton - explica Adilson Moreira, doutor em Direito, especialista no tema e autor do livro "Racismo Recreativo".

Recém-nomeado cidadão honorário do Brasil, o heptacampeão da Mercedes publicou um terceiro tweet - dessa vez, em inglês. Neste, o piloto reforçou seu pedido por mudanças na mentalidade dentro do esporte:

- É mais do que um termo. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação.

Hamilton tem sido uma voz proeminente no combate ao racismo dentro da F1 há, pelo menos, quatro anos. Desde 2020, o heptacampeão e a Mercedes têm promovido, individual ou coletivamente, iniciativas que visam aumentar a diversidade dentro da F1, sobretudo em cargos de atuação científicas e tecnológicas no automobilismo.

O piloto é fundador da instituição Mission 44, criada com intuito de alavancar seus projetos, e da Comissão Hamilton, que em parceria com a Academia Real de Engenharia Britânica, analisou barreiras no acesso de pessoas negras e racializadas ao automobilismo.

Infos e horários do GP da Inglaterra da F1 — Foto: Infoesporte

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