Ministra do Chile comenta declarações de Bolsonaro sobre presidente Gabriel Boric
O Chile convocou nesta segunda-feira (29) o embaixador do Brasil em Santiago em protesto contra as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre Gabriel Boric, a quem acusou de "queimar o metrô" nos protestos de 2019. A informação é de Antonia Urrejola, a ministra das Relações Exteriores do país (veja o vídeo acima).
De acordo com o jornal chileno "La Tercera", foi enviada uma citação ao embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Soares Pacheco, para apresentar uma nota formal de protesto. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou que o embaixador foi chamado para uma reunião na chancelaria chilena.
"Consideramos essas acusações (de Bolsonaro) gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas", disse Urrejola.
Bolsonaro fez essas declarações em suas considerações finais no debate entre os candidatos à presidência no domingo (28).
Gabriel Boric assumiu a presidência do Chile em março de 2022, aos 36 anos. Ele é um ex-líder estudantil que fez sua campanha calcada no discurso da esperança e defendendo representar o anseio por mudanças, com a promessa de fortalecer um estado de bem-estar social no país.
Novo presidente chileno, Gabriel Boric, em março de 2022 — Foto: Esteban Felix/AP
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'Não é assim que se faz política'
Segundo o jornal chileno "La Tercera", Urrejola, a ministra, afirmou que os chilenos estão convictos de que não é assim que se faz política, ainda mais quando se trata de dois chefes de Estado eleitos democraticamente, e que, mesmo com as diferenças ideológicas, deveria existir uma relação de respeito.
A ministra das Relações Exteriores afirmou que é preciso fortalecer a relação com o Brasil: “Esperamos poder continuar enfrentando os diferentes desafios como povos irmãos que somos, apesar dessas declarações do presidente Bolsonaro”.
Bolsonaro fala sobre Argentina e Chile nas considerações finais de debate
Desentendimentos entre os dois governos
De acordo com o “La Tercera”, quando Boric soube das declarações de Bolsonaro, ele procurou sua ministra Urrejola para, com ela, pensar em como responder.
Segundo o jornal, dirigentes de governo antes dessas declarações já havia sinais de hostilidade contra a gestão de Boric.
Imagem da nota do Ministério de Relações Exteriores do Chile em protesto a uma fala de Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução
O Chile indicou quem deveria ser o embaixador em Brasília há mais de 5 meses (Sebastián Depolo), e o governo brasileiro ainda não deu uma resposta. Em linguagem diplomática, isso significa que o nome foi recusado.